sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sobre Castanholas - Texto 2


   A história da castanhola remonta a civilizações passadas, entre elas os fenícios, sendo ela um dos meios mais primitivos de expressão artística, além de constituir-se em um dos primeiros instrumentos musicais criados pelo homem. Há notícias de achados desse instrumento em escavações egípicias datadas de 3000 a.C. e sua forma e o material com a qual foi executada variou enormemente  durante o decorrer dos séculos, segundo a época, o lugar e a moda. O crótalo (seu parente mais próximo) foi comum entre os povos do Mediterrâneo Oriental e bastante tocado no Egito, Grécia, Etrúria e Roma.
    A origem da palavra castanhola possivelmente deriva da palavra castanea, ou seja, castanha, palavra essa que, no idioma castelhano, sofrendo constantes mutações no seu uso diário, teria se transformado lentamente em castañita, castañeta, castañela e , finalmente, casrañuela. Instrumento de percussão por excelência, cujo som serve para acentuar o ritmo da música, em especial do baile; é um acompanhamento de grande virtuosidade.
     O uso da castanhola no baile flamenco, no princípio, foi muito contestado e nem mesmo inovadores do baile como Vicente escudero, aceitaram o seu aclopamento no baile jondo. Foi a partir de atuações de Argentinita e Pilar Lopes, que a castanhola passou a ser ouvida com dignidade nos diversos tablados, tornando-se um instrumento de grande elegância no acompanhamento do baile. 
  



        De toda a forma, o uso dos palillos (castanholas) requer muita maestria e um grande empenho na sua execução. A grande Carmen Amaya, absolutamente flamenca, não dispensava , com seu toque pessoal , o uso das castanholas em seu toque "por siguiryas".



sábado, 16 de abril de 2011

PALMAS E PITOS

     Tanto o bailaor quanto a bailaora podem  acompanhar musicalmente, enriquecendo seu baile com algum tipo de percussão. Para fazer isso, pode fazer uso dos mais básicos e populares, as palmas e pitos.     As palmas são o intrumento de percussão mais natural usado para marcar o compás, o tempo do palo.Existem várias manifestações flamencas lideradas pelas palmas e até gente específica para bater palmas, os "palmeros". Existem cursos de palmas, o "palmero" também é considerado um músico, já que a palma é um tipo de percussão. uma palma batida errada pode atrapalhar o baile e a música flamenca. Os bailaores podem bater palmas em certos momentos da coreografia e geralmente o cantaor bate palmas quase que o tempo todo.     As palmas podem ser secas, abertas, fortes( com som alto), ou "sordas"com som abafado e mãos em forma de concha.





Texto transcrito do livro: Palo Flamencos - Pepe de Córdoba -Ed. Edicon
  "As palmas, esse toque rítmico para o cante e para o baile flamenco, constituem-se em um recurso fundamental para manifestar esta arte. Tocar palmas, embora possa parecer o contrário, não é coisa de fácil assimilação. Exige uma educação no cante, no sentido auditivo de se incluir instintiva e modestamente no conjunto. Tocar palmas é sem dúvida uma arte.    Seu objetivo é concreto, ou seja, marcar o som medido, sendo portanto uma arte quase que matemática, em razão de seus dogmas e suas regras. Sobre esse assunto, ocupou-se o flamencólogo Anselmo Gonzales Climent, cujos conceitos abreviaremos a partir das próximas linhas.     as palmas são jaleos humanos, direta excutação psíquica. Elas dirigem a atmosfera na qual o cantaor ou o bailarino podem melhor dispor seu ânimo artístico. Sua importância não é questão de simples ornamentação, chegando a tomar força de dignidade e de verdadeiro ritual e está consagrada a estabelecer uma comunicação de intimidade total. As palmas no flamenco desempenham um duplo papel: de incitação e, ao mesmo tempo, de purificação ambiental. de incitação , enquanto dirigidas ao ato de jalear, ao incentivo do artista, e de purificação do ambiente, na medica em que clarifica, emprestando-lhe uma atmosfera da qual só pode participar aquele que estiver em melhor sintonia, melhor dizendo, o iniciado."


Palmadas

      Apresenta função similar às palmas para marcar determinados tempos do palo( ritmo, compasso)  ou para abrilhantar o baile. Geralmente são golpes dados com uma mão aberta contra seu peito, coxa, joelho,calcanhar ou na lateral do pé.

Pitos

    Pitos na  línguagem flamenca é o estalar de dedos que é feito pressionando o dedo médio e o polegar. Eles são um instrumento de percurssão muito popular, tanto para marcar o compás, como que para comprar a interpretação do baile. São mais usados pelos homens, e na minha opinião dão um toque de charme ao baile.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

BENEFÍCIOS DA DANÇA FLAMENCA

   Não é preciso entender de flamenco para se emocionar numa apresentação. Mesmo quem nunca pisou na Espanha fica tocado quando está diante de um bom espetáculo. Expressando sentimentos fortes e, por vezes, quase dramáticos, o Flamenco, além de sensibilizar, faz bem ao corpo.
   Quem está querendo aumentar o fôlego e ter pernas bem torneadas pode apostar no Flamenco. Durante as aulas é possível exercitar principalmente as pernas e as panturrilhas graças ao sapateado, que também enrijece a musculatura anterior das pernas. Os passos também fortalecem os músculos das coxas, melhorando também a capacidade aeróbica. A postura do dia-a-dia também é aprimorada pela dança. A mobilidade, a agilidade e a consciência corporal ficam mais desenvolvidas, a força e o alongamento são exercícios constantes nos movimentos. 
    O flamenco pode contribuir com as pessoas que estão em processo de emagrecimento, pois a dança, além de elevar a autoconfiança, trabalha muito a sensualidade feminina, o vigor e a virilidade dos homens, fazendo com que cada um se sinta mais seguro e de bem consigo mesmo.
    Quem se entrega a essa dança definitivamente mão é daquelas pessoas que só pensam em ter um aspecto físico "sarado" de praticantes de musculação. O praticante de flamenco quer ter contato com uma arte viva que desenvolva ritmo e expressão de emoções. Por isso a dança flamenca pode ser indicada para as pessoas que sofrem de estresse, que querem algumas horas por semana para se desligar das obrigações diárias e dos problemas. Quando estou dando aulas ou me apresentando é a única hora que não penso neles, porque é preciso muita concentração.
     As batidas no chão durante o sapateado são excelentes para aliviar o estresse. Nas aulas, o aluno aprende mais que passos e coreografias, ele desenvolve a percepção musical, sobretudo o aspecto rítmico da música. Aprende compassos, estruturas de cada  ritmo e compreende que ele é parte da música. uma palma fora do tempo, por exemplo, compromete a qualidade da apresentação. Quando há identificação, o aluno, sem perceber, passa a apreciar e entender a música, tornando esse estudo extremamente prazeroso.
     Ao contrário de algumas danças que privilegiam apenas frágeis adolescentes, o Flamenco pode ser praticado por qualquer pessoa. É comum ver mulheres com mais de 30 anos se dedicando ás aulas. Como forma de lazer e de atividade física, pode ser praticado por todas as idades e por todos os biotipos. Claro que o resultado é proporcional à condição e as facilidades físicas de cada um. Mas a dança estimula seus praticantes a desafiar seus limites com muito treino e dedicação.



     


     

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Estrutura de baile Flamenco - Texto2

      Há algumas “regras” no flamenco para que o cante, o toque, as palmas e o baile fiquem harmônicos. Para esta integração ter sucesso se exige um certo grau de conhecimento da maneira como funciona esta arte por todas as figuras deste quadro, uma vez que muitas performances são improvisadas.
     Geralmente temos uma introdução pela música quando o bailaor percebe o compasso do baile. Nada impede, porém, dele cadenciá-lo antes da música. Assim se revela o início de uma conversa entre músicos (aqui se inclui o cantaor) e bailaores; e, como em diálogo, cada qual tem a sua vez de “falar”. Isso quer dizer que, em termos genéricos, enquanto se canta não se sapateia, pelo menos não uma grande sequência, como uma escobilha. Apesar de atualmente os bailaores estão fazendo o arremate em cima da letra, mas mais no final do compasso. Como descobrir quando começar a cantar ou sapatear durante um improviso?
     Muitas das canções flamencas são versos característico do seu folclore e, por isso, amplamente conhecidos pelo seu povo de origem. Entretanto, em muitas situações não conhecemos o verso, pois não é parte de nossa cultura. Felizmente há algumas indicações. Por exemplo, tocaor pode acentuar os golpes nas cordas da guitarra para valorizar o fim do verso ou um conjunto deles. O cantaor também pode elevar a intensidade do seu cante para indicar a finalização do verso. Quando isso acontece dizemos que o cantaor está “fechando a letra” e ele pode e vai fazê-lo várias vezes durante a música.
    Enquanto o cantaor diz a letra, cabe a quem bailar fazer “marcajes”, “paseos” e outros movimentos mais suaves de forma a não interferir bruscamente na execução do cante. Quando o cantaor está para “fechar a letra”, o bailaor decide se quer dar uma “patada” (sapatear) ou não. Como ele indica isso?
     Se ele continuar com as “marcajes” ou outros dos movimentos já citados, o cantaor entende que deve entrar com uma nova letra.
     Se ele fizer um “arremate” ou uma “chamada” está dizendo que vai dar uma “patada” ou iniciar uma escobilha. Neste caso, o cantaor aguarda que o bailaor encerre sua performance com algum novo “arremate” ou nova “chamada” para entrar com a letra.
      As palmas também estão muito presentes durante todo o processo. Durante o cante são de intensidade mais baixa, abafadas (palmas “sordas”). Podem ou não fazer desenhos, mas sempre marcando o compás.                          Quando o cantaor está fechando a letra tudo pode crescer muito em energia: o cantaor investe mais intensidade na voz; o bailaor aumenta a força dos movimentos com recortes ou chamadas; o tocaor acompanha o momento com golpes mais marcados na guitarra e as palmas podem ficam mais estridentes, altas intensas (palmas “brillantes”) e “redobladas” (ver técnicas de palmas). Uma vez eu fiz uma comparação com um orgasmo, que a intensidade vai subindo...até explodir !! Isto é coisa que uma professora fale com seus alunos ?? bem , só tinha mulheres acima de 30, elas ficaram mais empolgadas com a dança !! Mas voltando ao assunto uma vez iniciado o compás cabe a quem está bailando mantê-lo evitando variações acidentais. Entretanto, em um dado momento, o bailaor ainda pode iniciar a “subida de ritmo”, ou seja, acelerar a cadência para aumentar a vibração do baile. Geralmente ele o faz na segunda metade da apresentação para terminar em grande estilo.

     Estas variações são muito comuns e dão uma vivacidade inquestionável ao flamenco, principalmente quando bailado em tablados pequenos onde o público pode ficar bem perto.
    O bailaor decide quando acaba o baile também. Claro que existe um momento para esta interferência e cabe a ele perceber quando se abre esta janela. O que se faz geralmente é cruzar a diagonal do tablado em um passo rápido, “chamar” os músicos e iniciar a saída finalizando com um “arremate de cierre”.Mas sinceramente, para improvisar e dominar o baile tem que se estudar , escutar , praticar muito , "por toda la vida"!!

 

  

   Fonte:    juerguitaflamenca.blogspot.com + alguns pitacos meus...



domingo, 3 de abril de 2011

ABRIL É MÊS DE SEVILHANAS !!

   
   


     Em abril, quando o frio do inverno dá lugar ao calor e ao sol da primavera, Sevilha está radiante com os preparativos para a mundialmente famosa Feria de Sevilha.
       Esta festa anual, um evento que contagia o coração de todos os sevilhanos, é uma celebração dos prazeres da vida, da chegada da primavera e do espírito vibrante de Sevilha. É o auge da Espanha folclórica, onde os vestidos coloridos do flamenco rodopiam, se ouve o barulho dos cavalos puxando as carruagens pelas ruas de paralelepípedo, o aroma das laranjas impreguina o ar, a música e a dança incessantes criam um ambiente de alegria, as pessoas bebem xerez e comem tapas, multidões lotam a arena de touros para ver a melhores touradas...( infelizmente!!!)é o momento de vivenciar Sevilha!
        A Feria tem dois focos principais de atividades. Às margens ocidentais do rio Guadalquivir, nas imediações do bairro de Los Remedios, você encontrará o enorme recinto oficial da festa, preparado especialmente para a Feria de Sevilha, que dura uma semana. Ao passar pelo extravagante portão de entrada, construído todos os anos e coberto com milhares de  luzes, você encontrará mais de mil barracas listradas conhecidas como casetas, que são o verdadeiro coração da Feria. Dentro de cada caseta, que as famílias decoram carinhosamente, existem mesas e cadeiras, uma área para dançar sevilhanas (como o flamenco) e até mesmo um bar servindo bebidas e tapas! .