domingo, 31 de julho de 2011

Figuras, passos e movimentos - Chaves para conhecer o baile flamenco - Introdução

 Introdução


     Para desfrutar de um bom baile por alegrias, não é preciso conhecimento. Para emocionar-se com um Taranto, uma Soleá ou Seguirya, tampouco. É necessária apenas sensibilidade. Sentimento humano e sensibilidade artística.Se você também tem a intuição estética de formas, se pode apreciar, embora superficialmente a maestria dos artistas.
     No entanto, se se quer avaliar com rigor um baile, não é suficiente sensibilidade e intuição. Conhecimento é necessário. Você tem que saber todo o estoque acumulado de formas e movimentos que são herança da dança flamenca. Além disso, este conhecimento é imprescindível  para um julgamento objetivo e rigoroso, facilitando  e capacitando para  uma apreciação mais sofisticada e intelectual, mais completa e intensa.
      Enumerar e descrever todas as figuras ,classificar, passos, movimentos e mudanças é um dos objetivos deste trabalho..Tentamos ser  o mais exato possível, apesar de estarmos  conscientes de que este é um património que enriquece a cada dia com novas invenções e variações. Continua....




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sexta-feira, 8 de julho de 2011

DICIONÁRIO FLAMENCO - LETRA A

A COMPÁS -  Cante ou baile que é interpretado seguindo fielmente o ritmo ou cadência do estilo correspondente.

A PALO SECO -Vulgarmente o "palo seco" refere-se aos estilos do flamenco cantado sem qualquer acompanhamento da guitarra. Cante  realizado "a capella". Também chamamos de "a palo seco" a sequência de sapateados feito pelo bailaor, sem o acompanhamento de guitarra.

ABANDOLAOS - Fandangos de Málaga.

AFICIONADO -  Pessoa com entusiasmo pela arte flamenca

AFILLATipo de voz dentro do Cante Flamenco, rouca e rasgada.

AFLAMENCARSE - Fenômeno pelo qual uma música ou canção adquire características flamencas

ALBOREA - Cante Flamenco. Rito de casamento de costume cigano. Pertence ao canções influenciadas por Solea.


ALEGRIAS   Alegrias é um palo flamenco pertencente aos cantes de cadiz Cadiz, de um chamado cantiñas). Palo muito alegre e festivo, como o nome já diz, de compasso de 12 tempos.


ALZAPUA - Técnica do polegar da mão direita para o violão flamenco. Esta técnica consiste em reproduzir três sons com apenas dois "Ataques", fazendo "tresillos" mais ou menos rápidos, característica da música flamenca.


ANTIFONA - Sucessão de "ayeos" utilizados nos palos caña e polo.


ARRANCARSE - Começar a execução de uma música ou baile.

sábado, 2 de julho de 2011

OS CANTES FLAMENCOS

Fonte: Palo Flamencos - Pepe de Córdoba - Ed. Edicon


 As primeiras aparições historicamente constatáveis desta música a situam nos espaços mais caracteristicamente marginais da sociedade espanhola daquele momento. Em tal sentido , os contextos literários são altamente reveladores: ambientes carcerários, a serra como "habitat" de bandoleiros, contrabandistas, o mundo marinheiro e a mendicância são constantes e presentes nesses cantes. O flamenco também fazia-se presente nos locais de trabalho e nas reuniôes familiares.




 Os ciganos


    Desde o primeiro momento em que aparecem notícias explícitas sobre esses cantes flamencos , um grupo étnico proporciona aos mesmos inúmeros protagonistas: os ciganos. Tal circunstâncias levou os cronistas da época a estabelecer, sem maiores precauções , a hegemonia da roça cigana sobre a música em questão. Na verdade, gente de outras etnias contribuíram, igualmente, para o desenvolvimento dessa manifestação popular e, assim junto com cantos e músicas originárias dos ciganos (cantes gitanos) foram acumuladas outras formas musicais procedentes de diversas zonas do folclore andaluz, até amalgamar um gênero novo, o chamado cante flamenco. 
    Esse gênero ganhou popularidade e se difundiu nos "Cafés Cantantes", tão em voga na época e onde, como é sabido, se materializavam em nível de consumo de música popular as produções surgidas em toda a Espanha e , juntamente com o canto, ganhou cenário o baile andaluz.


Cafés Cantantes
 O primeiro cantaor de Flamenco, considerado profissional foi SilVerio Franconetti, que surgiu nos Cafés Cantantes.


 
 Outras teorias sobre as origens do cante flamenco e suas diversas fases:


     As primeiras referências documentadas sobre a existência  do flamenco na forma de cante,  e intérpretes especializados são encontrados no século XVIII. Há algumas hipóteses sobre as diversas influências no nascimento do cante flamenco, algumas mais relevantes que outras, a seguir: 


    Influência oriental: fenícios e cartagineses


    Andaluzia Antiga: As bailaoras de Cadiz, citadas nos escritos de Juvenal e Marcial . estes autores relatam danças ritmicas, acompanhadas de "crótalos", um tipo de ancestral da castanhola e suas canções. Estes registros datam do séc. I a.C.
    Influência grega: Especialmente os cânticos litúrgicos bizantinos (canto gregoriano), cujos aspectos melódico e escala utilizada  também aparecem no flamenco. Continua....


      Influência Hindu


      Influência Árabe


   O termo cante é uma denominação coletiva que abarca e diferencia um copioso número de canções dentro do grande conjunto dos cantares próprios do povo andaluz e que, como já amplamente sabido, aflorou no seio da família cigana como produto dessa etnia e do rico folclore andaluz. De fato, essa gente cigana , com notável faculdade para a arte do ritmo, encontrou nos campos e nos bairros populares onde se assentaram um rico e brilhante folclore de excepcional graça poética e , com sua genialidade de interpretação , absorveu com especial fervor as substâncias musicais desse esplendido cancioneiro popular, contribuindo com algo diferente , já que não novo, e de certo modo original: o cante, ou, se se quiser dizer com expressiva redundância, o cante flamenco.  
    Em nenhum outro lugar, ainda que forte a presença cigana, foi possível o aparecimento de algo parecido com o cante flamenco, donde se conclui que o "elemento andaluz" foi condição necessária para o aparecimento do cante, assim como o interesse e o gosto do povo e, ainda, a vitalidade e riqueza dos meios rural e urbano da região.


   Estilos primitivos ou básicos


       A denominação de primitivos ou básicos se justifica, posto que esses cantes deram origens a muitos outros de grande importância, ou bem deles receberam uma forte ou reconhecida influência. Os cantes dessa primeira época foram as tonás, martinetes, deblas, siguiryas (antes chamadas playeras), cañas, polos e corridas ,essas últimas hoje praticamente em desuso). Tais cantes , no entanto, por essa ocasião conservavam um caráter quase exclusivamente doméstico e somente ao alcance  de um pequeno número de iniciados, nas casas ciganas a que tinham acesso. nos tablados, nas estalagens e festas íntimas, até que chegassem , com a sua difusão, aos Cafés Cantantes. 
        Nutrido por tantas e diversas culturas, faz por fim sua aparição nas formas que hoje conhecemos os cantes flamencos. Surgem os primeiros nomes de seus intérpretes e se tornam famosos, mas ainda não profissionalizados. Esses cantes a que chamamos primitivos eram então cantados a "palo seco", isto é, sem qualquer acompanhamento e portanto com acentuada carência de  música instrumental, compensada por largos lamentos, bruscas paradas no cante e pela maestria do cantaor. Essas músicas , como já sabido, estavam relacionadas com as desolações e tragédias da vida cigana e da vida do povo em geral na época.
       Os castigos penais, o cárcere, as condições dos presos , os trabalhos forçados, são um dos temas mais abundantes , junto com os acontecimentos de sangue, mortes violentas em disputas e acidentes fatais cantados pela voz do povo. 
        Todos estes cantes se revestiam de igual dramatismo, aos quais os intérpretes acrescentavam alguma variante de sua invenção para mostrar sua capacidade criativa, além da potência de sua voz. Como veremos, só mais tarde se incorpora ao cante o acompanhamento de guitarra.
         
        As divisões dos cantes


     Uma classificação muito usada inicialmente e estendida até hoje, se bem que amplamente contestada, é a que divide os bailes e principalmente os cantes flamencos em grandes e chicos, ou pequenos.Tal divisão, no entender de Fernando Quiñones, "è sumamente desafortunada, já que dá origem a uma série de más interpretações e erros que geram confusão e injustiça, já que o realmente grande ou chico é a arte de quem interpreta esses cantes ou bailes. Não cabe dúvida, de que o baile por alegrias, por exemplo, é muito mais difícil que seu cante correspondente ( talvez o baile mais difícil e importante de toda a coreografia flamenca). Por outro lado, parece evidente que um cante completo por siguiriyas ou por soleares são gêneros mais para escutar do que para bailar, por mais valioso e belo que possa ser o se baile. Mais, acima dessas considerações, o importante é que o amante do flamenco faça por si só suas distinções, prefer~encias e avaliações, sem deixar-se influenciar por regras puristas e ortodoxas, muito menos importantes que o desfrutar dessa magnífica arte".
       Mais apropriado e pacificamente aceito pela quase totalidade dos estudiosos do flamenco é a divisão dos cantes em cante cigano e cante andaluz. Entende-se por canto cigano o conjunto de cantes desenvolvidos pelos ciganos, a partir do rico cancioneiro andaluz por eles encontrado, quando de sua entrada na região.Bem como aqueles para os quais foram mais inclinados, praticando-os com maior fervor e assiduidade, interpretando-os com mais estilo e emoção, muitos dos quais executados quase que unicamente por ciganos, nos albores de tais cantes. Já o cante andaluz se define como o conjunto de cantes surgidos com o "aflamencamento" de cantares populares de Andaluzia. A afluência desse cante ao conjunto de todo o cante flamenco ocorreu desde muito cedo, sendo a caña e o polo dos mais antigos, e já cantados em finais do século XVIII, época em que aparecem as primeiras notícias escritas sobre o flamenco.





   






ÁRVORE GENEALÓGICA FLAMENCA

     O Flamenco inclui dezenas de formas diferentes, palos , cada uma combinação única de ritmo, harmonia, pulso, e as letras. Há palos festeros e palos e profundamente expressivos, o chamado cante jondo (canção profunda) . Existem formas regionais e formas associadas com artistas individuais. Algumas formas surgiu diretamente da música folclórica da Andaluzia e outros foram criados no século 20.

     Os detalhes que distinguem um palo de outro podem ser sutis e confusos. Nem sempre é óbvio para o ouvinte que forma está sendo realizada. Não deixe que isto o desanime. O  flamenco deve ser uma fonte de alegria, não um exame auditivo em língua estrangeira. Basta ouvir muito, sem pressa, ao longo do tempo consegue-se distinguir os diferentes palos. Procurar conversar com músicos Flamencos também ajuda muito, eles podem te passar muita coisa.  Depois que passei a trabalhar com música ao vivo, meu nível de compreensão dos palos e da estrutura de um baile aumentou muito.